Fabiano Oliveira, que leciona Língua Portuguesa, fala sobre o lado não convencional de suas aulas
“Eu não gosto de escrever”, “Na minha profissão não precisarei ser craque em Português” ou “Este é meu idioma nativo, não tenho de estudá-lo” são algumas frases que os professores de Língua Portuguesa estão habituados a escutarem, afinal, todo estudante tem a sua matéria preferida e quando não é esta a favorita, acabam tendo de arranjar outros meios de incentivar ao aluno sobre a importância dela.
Fabiano Oliveira, professor de Língua Portuguesa e Literatura, foi destacado por uma pesquisa de um site brasileiro, o Ultra Curiosos, como um dos 6 profissionais da área do ensino que usam métodos não convencionais para atraírem as pessoas às aulas, além de estimulá-las sobre o estudo. No caso, o único desta matéria está ele. Mas o que há de diferente em seu trabalho para estar nesta lista?
“Quando penso em uma aula, penso em transformá-la, em trazer o conteúdo com a nova roupagem. O quadro já não atrai. Estamos na Era da Digitalização, então, não posso lutar contra isso. Portanto, tornei a tecnologia minha aliada em meu cotidiano. Dou todo o conteúdo do Currículo Nacional por outro prisma. Teatro, Música, Literatura, Jornalismo, Gramática e Música dialogam entre si”, explica o professor. Ele considera este o motivo de suas aulas não serem como as tradicionais. “Não uso quadro, nem sala com alunos sentados em filas. Deixo de lado o ensino que os jesuítas faziam com os índios e acredito que o nosso formato de educação ainda seja catequético, infelizmente”, explica Fabiano.
Ele conta que para a Língua Portuguesa utiliza artes teatrais e o jornalismo, enquanto para a Literatura emprega músicas de diversos estilos, partindo da realidade deles. Por exemplo, antes de apresentar a arte do Tom Jobim, ele deixa que os estudantes escutem uma música para, então, fazer a “ponte” com o aprendizado.
Quanto ao ser considerado um dos melhores professores do Brasil e recorrer a artimanhas não convencionais, Fabiano ressalta que isso é o resultado de muito tempo de batalhas. “Fico feliz em poder levar Sergipe para todo o País. A emoção é enorme e passa um filme desde o começo da carreira até o momento presente. As dificuldades em ser professor não me fizeram parar e as usei como força motriz para dar o meu melhor. Enfrentei barreiras em todos os sentidos, pois implantar algo novo e quebrar um tradicionalismo secular causam estranhezas aos alunos, pais e sociedade, mas é importante acreditar no próprio trabalho e na força do aluno como epicentro do projeto”.
Não se repetir e se desafiar sempre são alguns pontos chaves para fazer a diferença
A diretora do Colégio Dom Luciano, Marli Barreto, destaca alguns pontos do professor em que ele comprova o diferencial em seu trabalho. “O Fabiano mostrou interesse em fazer algo fora do convencional quando me procurou para desenvolver o projeto da CELL (Central de Estudos de Linguísticos e Literários). E eu, juntamente ao corpo diretivo, achamos maravilhoso e apostamos, abrindo o espaço e deixando o professor com a liberdade para criar com os alunos essa metodologia diferente, inovadora, que tem dado ótimos resultados, tanto no âmbito pedagógico, quanto estrutural” . Ela explica que o projeto é feito em uma sala com estrutura física distinta, aonde os alunos leem, escrevem, cantam, dançam, interpretam romances clássicos e contemporâneos, entre outros. “Com isso, os alunos criam muito mais e aprendem também. E isso é constatado através dos resultados dos nossos alunos, porque é perceptível o crescimento cultural e intelectual deles”.
Além das aulas presenciais, Fabiano Oliveira também ministra aulas online, ao vivo e videoaulas gravadas no Instituto Educar. Segundo o diretor da empresa, Fábio Figueirôa, tê-lo no corpo docente só tem a agregar. “Ele é um professor dedicado, com bastante experiência em concursos públicos, que é o nosso grande foco no momento, e sabe cativar a todos com o jeito espontâneo e interativo com que dá as aulas”.
Para finalizar, Fabiano conta que acredita que o seu maior diferencial seja saber ensinar em uma linguagem respectiva ao estilo dos alunos, tanto os estudantes de colégios, como os concurseiros. “Vejo a didática como a prática associada à criatividade. Ensinar verbos ainda nos moldes tradicionais não atrai, por isso, é preciso criar caminhos. Ter o domínio do conteúdo já não é mais suficiente. É preciso criatividade, inserir um tempero no ato de ensinar. Costumo dizer que o que me faz tão próximo aos meus alunos é usar a linguagem deles. Temos uma relação de respeito, nossa preocupação não é a nota, minha avaliação é mais qualitativa do que quantitativa. Ter carisma, domínio do espaço e do conteúdo são essenciais para o sucesso de qualquer professor”.