ENTRADA FRANCA: Festival Rec-Beat anuncia programação com artistas nacionais e internacionais

Um dos festivais mais tradicionais e icônicos do país, o Rec-Beat anuncia a programação completa da sua 28ª edição. Conhecido pelo pioneirismo em reunir diferentes cenas e gêneros musicais em pleno Carnaval do Recife, o evento recebe, em seus quatro dias de duração, uma intensa programação gratuita que inclui artistas nacionais, novos talentos locais, além de sete atrações internacionais que estreiam no Brasil.

Aproximando-se de três décadas de existência e agora reconhecido oficialmente como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, o Rec-Beat tem sido um farol de inovação ao promover encontros entre diversas gerações, origens e ritmos em plena folia recifense. Com uma curadoria atenta às tendências sonoras globais, a programação deste ano produz intercâmbios entre produções nacionais e experimentações musicais de artistas da África, Europa e América do Sul. O line-up destaca ainda novos trabalhos de mulheres que refletem a pluralidade da música contemporânea brasileira, e também impulsiona talentos locais.

“Há no Rec-Beat uma busca incessante por novas experiências sonoras que encontram no ambiente libertário, democrático e inclusivo do Carnaval, um território perfeito para a celebração da música e dos encontros entre as pessoas. Ao lado de nomes conhecidos, aparecem as novidades nacionais e internacionais com propostas que ampliam as experiências dos foliões para além de suas expectativas”, observa o criador e curador do Rec-Beat, Antonio Gutierrez, o Gutie.

NACIONAIS
Uma das atrações é Urias (MG), cantora, compositora e modelo que se destaca na cena musical brasileira nos últimos anos. No Rec-Beat, ela traz a turnê do seu segundo disco HER MIND (2023). O projeto conta com faixas em inglês, espanhol e português, embalados pelo deconstructed club e a percussividade do reggaeton.

Diretamente dos bailes funk de São Paulo, o DJ K O Bruxo (SP) é uma das apostas do Rec-Beat. Ele faz sua estreia no circuito de festivais no palco do evento. O artista é peça chave na consolidação de um novo subgênero do funk mandelão, o funk bruxaria, marcado por samples de cantos árabes, kicks massacrantes e sons hiperagudos. No palco, ele apresenta o álbum Pânico no Submundo (2023), projeto que recebeu grande reconhecimento em canais como Pitchfork e a revista DJ Mag, e lhe rendeu uma turnê pela Europa.

Continua após a publicidade...

Ana Frango Elétrico (RJ) é outro destaque que retorna ao palco do festival após ter apresentado o álbum Little Electric Chicken Heart em 2020. Agora a artista traz a turnê do seu novo trabalho Me Chama De Gato Que Eu Sou Sua (2023). Entre instrumentais dançantes e intimistas, a obra é uma fusão “bossa-pop-rock” com letras que refletem a fluidez dos gêneros, amores que escapam da heterossexualidade e uma vida livre de rótulos.

Outra carioca confirmada é Letrux (RJ), que traz pela primeira vez ao Recife a turnê de seu terceiro álbum de estúdio, Letrux Como Mulher Girafa (2023). Com uma abordagem que mescla elementos do rock alternativo e batidas eletrônicas, o disco entrelaça aspectos existenciais espinhosos e a complexidade metafórica do reino animal.

Somando-se à promissora rapper carioca Ebony (RJ), uma das apostas do festival, estão os já consagrados Vandal (BA) e Rico Dalasam (SP). Ebony se apresenta pela primeira vez no Recife com o show inédito do seu segundo álbum de estúdio, o elogiadíssimo Terapia (2023), onde explora diversas vertentes, como o trap metal, funk e o pop rap, e cria odes hedonísticas que redefinem o lugar do desejo feminino na cultura hip hop.

Rico Dalasam traz a turnê do seu novo álbum Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato da Tia Guga (2023), trabalho que é um mergulho sonoro e visual em paisagens memorialísticas que refletem as vivências do artista, um dos primeiros rappers a se declarar abertamente gay no Brasil.

Rico Dalasam (Foto: Carol Curti)

Direto das ruas de Salvador, Vandal é outro destaque. Pioneiro nas vertentes do Grime e Drill no país, o rapper conseguiu adaptar a cadência dos 140 BPMs do gênero a influências regionais para criar uma caracterização única no contexto musical brasileiro.

INTERNACIONAIS
Buscando expandir os horizontes das experimentações musicais e fomentar intercâmbios, o Rec-Beat traz sete atrações internacionais inéditas, presença recorde de estrangeiros no line-up do festival.

São artistas que renovam tradições musicais dos seus países, como o grupo de techno tropical Ácido Pantera (Colômbia), as DJs Loa Malbec (Colômbia), Asna (Costa do Marfim) e Sarah Farina (Alemanha), além dos músicos e performers PÖ (Gana) e Niño de Elche (Espanha), e a banda de jazz-punk Echoes of Zoo (Bélgica).

Um dos artistas espanhóis mais prolíficos da atualidade, Niño de Elche se apresenta em formato de duo eletrônico, onde desafia as fronteiras do flamenco, que o tornou conhecido por novas possibilidades artísticas para além da tradição do gênero. Como poeta e compositor, o artista tem músicas lançadas com nomes como Rosalía e C. Tangana. A apresentação conta com apoio da Embaixada da Espanha.

Também explorando as interseções entre performance e som, a vocalista franco-ganense PÖ apresenta o seu álbum de estreia Cociage (2023), projeto que mergulha em um uma hibridização de sons distintos, desde kuduro, footwork e funk.

Ainda abrangendo as vanguardas musicais contemporâneas da África, o Rec-Beat recebe Asna, produtora e DJ da Costa do Marfim, que busca entrelaçar “coupé décalé”, dancehall eletrônico e as investigações sônicas da música experimental africana. A apresentação é uma parceria com o Consulado Geral da França em Recife.

Com pesquisas sonoras igualmente potencializadas pelas pistas de dança, a alemã Sarah Farina é outra DJ que compõe a programação do festival. Ela traz o estilo autoral “Rainbow Bass”, onde faz incursões pelo continuum hardcore e o jungle. A apresentação conta com apoio do Consulado da Alemanha no Nordeste.

Também desenvolvendo um estilo autêntico, Ácido Pantera é o nome do grupo de techno tropical que combina vocais em espanhol, o som da gaita e tambores a batidas metálicas e sintetizadores. Outra atração vinda da Colômbia é a DJ Loa Malbec, artista que proporciona jornadas sonoras imprevisíveis através da sua coleção de discos de vinil.

Ácido Pantera (Foto: Daniela Castañeda)

Para representar a efervescência da nova cena de jazz na Bélgica, o line-up ainda conta com a banda Echoes of Zoo, que toca o jazz psicodélico e energético do seu segundo projeto, Speech Of Species (2023). No palco, o grupo apresenta uma parceria inédita com o instrumentista brasileiro Guilherme Kastrup (RJ), um dos principais produtores musicais da atualidade e um dos responsáveis pelo premiado disco A Mulher do Fim do Mundo (2015), de Elza Soares.

MAIS APOSTAS
Um dos palcos mais tradicionais do país, o Rec-Beat é também um espaço de encontro entre foliões e novos talentos de Pernambuco e do Nordeste.

Um deles é o artista Mateus Fazeno Rock (CE), que busca contrapor às formas hegemônicas de fazer rock a partir das influências do grunge, funk, rap, reggae e R&B. Com uma mistura entre Kurt Cobain e Djavan, ele se afasta dos virtuosismos do gênero para narrar o cotidiano dos jovens da periferia de Fortaleza.

Outra aposta do Rec-Beat é o pernambucano Nailson Vieira (PE), artista que faz parte da nova geração de músicos da Zona da Mata Norte do estado. Em suas composições, o azougue dos festejos dos canaviais adquire uma roupagem pop, com músicas que trazem um sotaque caribenho e são marcadas por referências da cúmbia e a forte presença do trombone.

Ivyson (PE), cantor e compositor recifense, é outro destaque pernambucano que produz canções autorais desde 2018, e une uma MPB poética a beats contemporâneos. No Rec-Beat, ele apresenta a turnê Girassol, que dá nome ao seu hit de maior repercussão nacional, além de composições do álbum O Outro Lado do Rio (2022).

Mesclando suas influências culturais de Surubim, capital da vaquejada, e o histrionismo da cultura pop, Yannara (PE) é outro nome que traz uma expressão artística autoral. Com figurinos multicoloridos e dois bailarinos, o seu show une dança e música em uma experiência imersiva para apresentar as composições do seu EP Não Dá pra Amar Você (2023), além de faixas da versão deluxe do álbum Força Motriz (2021).

TRADIÇÃO
O Rec-Beat reafirma seu compromisso em representar a diversidade de sons produzidos no território brasileiro, e recebe em seu palco o Afoxé Filhos de Dandalunda (PE). Na apresentação, os desfilantes irão conduzir o afoxé que se inicia com uma criança que porta o Babalotim (boneco talhado a partir da árvore Iroko) e é seguida pelos líderes espirituais, os bailarinos e a percussão.

O festival também proporciona o encontro entre artistas de diferentes gerações e recebe o lendário Walter de Afogados (PE), conhecido como Rei do Salão e Mestre do Merengue. Com 50 anos de carreira e mais de 12 álbuns gravados, o cantor e compositor recifense é dono de um suingue próprio, que mistura cumbia, merengue, afoxé e brega. Foram dessas combinações que nasceu o seu hit Morango do Nordeste, popularizado por Lairton dos Teclados e regravado por Chiclete com Banana, Frank Aguiar e Molejo.

ELETRÔNICA PERNAMBUCANA
Para refletir a efervescência da cena eletrônica que aquece as pistas recifenses, a abertura e os intervalos entre os shows serão comandados pelas DJs Dandarona (PE), artista do coletivo MADDAM, que pesquisa house music, breakbeat, techno e afrosonoridades, e Geni (PE), residente da festa Sintetyca e Atrack, que trafega entre o breakbeat, electro, club music e o funk.

A programação de DJs ainda conta com KAI (PE), vulgo “Kaichorrão”, idealizador, curador e produtor da festa DIP, importante selo de música eletrônica do Recife, e BJ3 (PE), residente da festa Baila Klava, que mescla produções autorais a tracks de house e garage.

INCLUSIVO
Mais que uma celebração das mais variadas expressões artísticas, o Rec-Beat é uma experiência democrática, libertária e inclusiva, pensada para que todos os foliões possam usufruir da programação.

Como em edições anteriores, o festival conta com uma área adequada para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, além de intérpretes de Libras no palco durante os shows.

IDENTIDADE VISUAL
A identidade desta 28º edição é assinada por Afro’G, jovem artista plástico e grafiteiro do Recife. Em suas obras, o artista encontra inspiração no “afromodernismo”, uma fusão entre elementos futuristas, a negritude e suas vivências.

Em diálogo com o festival, Afro’G explorou as intersecções entre as potencialidades da cultura Hip Hop e as particularidades da sua criação artística. “Dentro do afromodernismo pensei em trazer para essa arte elementos modernos e antigos, que fazem parte de uma cultura importante para a história da música, que é o Hip Hop e suas vertentes, representando diversidade e diversão”, explicou o artista.

PATRIMÔNIO CULTURAL DO RECIFE
Recentemente, o Rec-Beat recebeu o importante título de Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. O projeto, de autoria da vereadora Cida Pedrosa, sancionado pelo prefeito João Campos em dezembro último, destaca o festival como um importante catalisador cultural que promove a diversidade, a inclusão e o diálogo entre diferentes gêneros musicais, origens e gerações.

Como festival, o Rec-Beat teve suas primeiras edições em Olinda, logo passando a ser realizado no sítio histórico do Recife onde viria a se tornar um festival gratuito dedicado a incendiar a programação noturna do carnaval. A partir daí, o evento se consolidou como um dos mais pioneiros e originais do país, com uma proposta curatorial ousada que sempre busca apresentar artistas e shows inéditos ao público.

Como consequência desse sucesso, o Rec-Beat também vêm se expandindo territorialmente. Nos últimos anos, o selo esteve presente com edições especiais em cidades como Curitiba (PR), Fortaleza e Sobral (CE), João Pessoa (PB), Caruaru (PE), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

O Festival Rec-Beat tem patrocínio da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Secretaria de Cultura e Prefeitura do Recife. Apoio da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco, Embaixada da Espanha no Brasil, Consulado Geral da Alemanha no Recife, Consulado Geral da França em Recife e Delikata. Festival filiado à Abrafin e Adimi. Realização da Rec-Beat Produções e Leão Produções.

PROGRAMAÇÃO

10 de fevereiro – sábado
19h00 – BJ3 (PE)
19h30 – LOA MALBEC (Colômbia)
20h40 – IVYSON (PE)
21h50 – WALTER DE AFOGADOS (PE)
23h10 – DJ K O BRUXO (SP)
00h30 -VANDAL (BA)

11 de fevereiro – domingo
19h00 – KAI (PE)
19h30 – NAILSON VIEIRA (PE)
20h40 – MATEUS FAZENO ROCK (CE)
21h50 – EBONY (RJ)
23h10 – ASNA (Costa do Marfim)
00h30 – RICO DALASAM (SP)

12 de fevereiro – segunda
19h00 – DANDARONA (PE)
19h30 – YANNARA (PE)
20h40 – NIÑO DE ELCHE (Espanha)
21h50 – PÖ (Gana)
23h10 – ANA FRANGO ELÉTRICO (RJ)
00h30 – LETRUX (RJ)

13 de fevereiro – terça
19h00 – GENI (PE)
19h30 – AFOXÉ FILHOS DE DANDALUNA (PE)
20h40 – ECHOES OF ZOO (Bélgica)
21h50 – SARAH FARINA (Alemanha)
23h10 – ÁCIDO PANTERA (Colômbia)
00h30 – URIAS (MG)

Serviço:
FESTIVAL REC-BEAT 2024
10 a 13 de fevereiro a partir das 19h
Cais da Alfândega, Bairro do Recife
Acesso gratuito
Instagram: @recbeatfestival

Matéria anterior
Sem apoio financeiro, Lisa Gomes faz vaquinha para ajudar seu bloco de carnaval e arrecada 52 centavos
Próxima matéria
Vidente Vó Bahiana vê ano turbulento para o Brasil

Mais do É Pop

Menu