No coração pulsante do subúrbio carioca, onde o samba brota como o sol nascente sobre o Engenho Novo, nasceu uma revolução sonora chamada Grupo Revelação. Há mais de três décadas, esses mestres do pagode transformaram rodas informais em hinos nacionais, provando que o “samba virado religião” não é só letra de música, é legado vivo.
Em 2025, enquanto o Brasil dança ao ritmo de seus sucessos eternos, o Revelação celebra 30 anos com projetos que unem gerações, collabs estelares e uma turnê que lota arenas. De “Deixa Acontecer” ecoando nas rádios dos anos 90 a gravações ao vivo que viralizam no TikTok, essa é a história de um grupo que saiu das comunidades do Rio para conquistar o mundo. Bora reviver essa trajetória de suor, cavaquinho e emoção pura!
📍 As Raízes: Dos Anos 90 ao Primeiro Disco – O Nascimento de uma Religião (1991-2001)
Tudo começou em 23 de abril de 1991, no bairro de Engenho Novo, Rio de Janeiro. Inspirados pelas rodas de pagode “de mesa” da escola de samba Arranco do Engenho de Dentro, um grupo de amigos – liderados pelo carismático Xande de Pilares no vocal e cavaquinho – decidiu transformar rodas espontâneas em algo maior. Victor Stecca e João Carlos Silva Filho, da Rádio FM O Dia, foram os anjos da guarda iniciais, levando o som cru e autêntico do Revelação para as periferias cariocas.
O primeiro marco veio em 1994, com as primeiras apresentações formais no subúrbio. Mas o pulo do gato aconteceu em 1997: o produtor Bira Haway flagrou uma roda do grupo e os lançou no mercado fonográfico. Em 1999, veio o contrato com a BMG Brasil e o álbum de estreia homônimo Revelação (2000), rebatizado para evitar confusões. Hits como “Na Palma da Mão” e a regravação de “Zé do Caroço” (de Leci Brandão) explodiram nas rádios, misturando pagode raiz com letras que falam de amor e superação.
Em 2001, Nosso Samba Virou Religião consolidou o fenômeno: faixas como “Virou Religião”, “Deixa Acontecer” e “Esqueci de Te Esquecer” viraram trilhas de novelas e hinos de karaokê. O grupo, então formado por Xande de Pilares (voz/cavaquinho), Mauro Júnior (banjo), Beto Lima (violão), Sérgio Rufino (pandeiro), Artur Luís (reco-reco) e Luciano Nascimento (tantã), vendia shows lotados no Rio. Era o samba das comunidades ganhando asas – e o Brasil inteiro cantando junto.
🌍 O Auge Nacional e Internacional: Deckdisc e o Milhão de Cópias (2002-2009)
2002 foi o ano da virada: saída da BMG e entrada na Deckdisc, com o icônico Ao Vivo no Olimpo. Gravado em teatro lotado, o disco vendeu mais de 700 mil cópias – o segundo mais vendido do ano e o primeiro de pagode! Sucessos como “Coração Radiante”, “Grades do Coração” e “Poder de Sedução” catapultaram o Revelação para o estrelato nacional. Em 2003, turnês pelo EUA, Japão e Europa marcaram a estreia internacional, provando que o pagode carioca transcende fronteiras.
A sequência foi avassaladora: Novos Tempos (2003) trouxe “Preciso Te Amar” e “Essência da Paixão”; em 2005, o primeiro DualDisc de samba do Brasil celebrou 1 milhão de cópias vendidas. Velocidade da Luz (2006), de volta ao estúdio, gerou o hit homônimo – uma “carta suicida” animada, como revelou Xande anos depois, que ficou 9 meses nas paradas. 100% Revelação (2007), uma coletânea, e Aventureiro (2008) mantiveram o fogo aceso com “Medo de Amar”.
O ápice veio em 2009: Ao Vivo no Morro, gravado no Morro da Urca, homenageou as raízes comunitárias. Faixas como “Ajoelhou Tem Que Rezar”, “Só Depois” e “Tá Escrito” viraram clássicos eternos, embalando carnavais e rodas pelo país.
🔄 Mudanças, Renovações e Legado Vivo: Saídas, Novos Vocais e o Boom Digital (2010-2020)
A década de 2010 trouxe desafios e renovações. Ao Vivo no Morro 2 (2010, Universal Music) e 360° Ao Vivo (2012) renderam “Filho da Simplicidade” (trilha de Avenida Brasil) e “Só Vai de Camarote”. Mas em 2014, Xande de Pilares saiu por “vaidades”, iniciando carreira solo – um baque, mas o grupo seguiu forte.
| Ano | Vocalista | Álbum Destaque | Hit Principal |
|---|---|---|---|
| 2014-2015 | Almirzinho | Ao Vivo no Morro 2 | Ajoelhou Tem Que Rezar |
| 2015-2018 | Davi Pereira | O Bom Samba Continua | Vê Se Me Escuta |
| 2018-2025 | Jhonatan Alexandre | Revelação 30 Anos | Deixa Alagar |
2019 marcou a assinatura com a Waves Sound e o EP Confie Em Mim, produzido por Bira Haway. O projeto Pagode do Revela (lançado em 2020) foi um DVD ao vivo no YouTube Space Rio, com convidados como Jorge Aragão, Leci Brandão e Fundo de Quintal. Singles como “Perdoa Amor” e collabs em novelas (como “Tá Escrito” em A Dona do Pedaço) solidificaram o legado digital.
🎉 2021-2025: Celebrações de 30 Anos, Turnês e o Futuro do Samba Raiz
A pandemia não parou o Revelação: em 2021, o DVD Encontro de Gerações com Akatu, gravado na Ilha de Guaratiba, trouxe Xande, Vitinho e Liomar do Pique Novo. Revela Samba Beach (2020, mas expandido pós-2021) virou label party em marinas pelo Brasil, com convidados como Ferrugem, Gaab e Di Propósito – um “sunset beach club” que mistura samba e lifestyle praiano.
2024 foi de preparação épica: gravação do projeto Revelação 30 Anos: O Nosso Samba Virou Religião! no Espaço Hall, Rio, em outubro. O Vol. 1, lançado em fevereiro de 2025, revive hits com Péricles, Rodriguinho, Thiaguinho e Xande – 14 faixas que passeiam por “Coração Radiante” a “Deixa Alagar”, produzidas por Marquinho Santos e Bira Haway. Volumes 2 e 3 prometem Ferrugem, Dilsinho, Menos É Mais e mais, no YouTube e plataformas digitais.
Joinville (maio) • Brasília (junho) • Linhares (agosto, Festival de Outono)
Em 2025, a turnê de 30 anos rola a todo vapor: shows em Joinville (maio), Brasília (junho), Linhares (agosto, Festival de Outono) e mais datas pelo país, com clássicos como “Ô Queiroz” e novidades. Singles como “Extra” e “Magoou (Ao Vivo)” mantêm o grupo nas paradas Apple Music, enquanto o Apple Music Essentials os coroa: “Do subúrbio para o mundo, o grupo fez o pagode ser internacional”.
🙏 Por Que o Revelação É Eterno? Reflexões em 2025
Mais que um grupo, o Revelação é um movimento: de comunidades subestimadas para palcos globais, eles carregam a essência do samba – alegria, dor e união. Com mais de 800 mil cópias de Ao Vivo no Olimpo e bilhões de streams, o legado inclui prêmios implícitos na alma brasileira: indicações a Troféu Imprensa e Tamarindo de Ouro. Em 2025, com Jhonatan no leme, o Revelação prova que o bom samba continua – e evolui. Como diz a letra: “Deixa alagar, que o samba é religião”.













