– Francisco é uma convocação. Após um período fazendo humor, é a retomada de outro caminho. Me sinto provocado a me experimentar, a buscar coisas que não pensava mais a meu respeito. Procuro nele coisas que tenho empatia, outras que não tenho, e então preciso ser generoso, pois as pessoas são diferentes. Francisco é um grande aprendizado, foi por conta dele que vim viver esta nova vida no Rio. Sou grato. E estou mais feliz ainda em ver a reação das pessoas. Não fazia ideia de que já sabiam quem ele é, que o chamam pelo nome, e isso é muito bacana.
O personagem, irmão da marquesa Domitila (Agatha Moreira) e da baronesa Benedita (Larissa Bracher), começou a mostrar suas garras na trama sendo o ponto de apoio entre Domitila e Dom Pedro (Caio Castro), por intermédio do Thomas (Gabriel Braga Nunes). Ele participa de todos os planos e das tramoias para fazer com que Dom Pedro se apaixone de verdade pela sua irmã e assim ele consiga um cargo no governo, o que beneficiará diretamente Thomas.
– O Francisco quer um cargo de destaque ao lado de Dom Pedro e ele vai fazer o que for preciso para conseguir isso. Eu diria que ele é um típico brasileiro daqueles que tentam se dar bem.
Para construir o personagem, como um bom viciado em séries que é, Alex Morenno trouxe elementos de “Penny Dreadful”.
– Como o “tom” do Francisco não se parece em nada com o do Alex, achei que alguns personagens dessa série tinham coisas interessantes para minha construção. Algo escuro, misterioso, denso, mas extremamente humano.
Na trama o personagem aparece de forma pontual, mas Alex já se diverte com a reação do público.
– Esses dias resolvi dar uma olhada no Twitter e fiquei surpreso. Não sabia que o Francisco já tinha relevância. Fui chamado de sem vergonha, de sacana, de safado e por aí vai… Teve “Francisco é do mal? Que tombo!”, outros apenas querem saber quem é o ator que faz. Há quem me chame de Rodrigo Lombardi, de Pequeno Príncipe, Soldadinho de Chumbo. Até pedidos de namoro e casamento eu já recebi! Galera não decide se ama ou odeia. Ou seja, está bem divertido.
Carreira consolidada muito além da telinha
Alex Morenno já havia feito outro personagem na TV, na novela “Cama de Gato”, na qual interpretou Luck (Lucas Porto). Mas sua história com a arte, que também inclui dança, é longa e ininterrupta. Além de ator, ele é diretor, bailarino, coreógrafo e preparador corporal.
– Se me tornei coreógrafo, ou diretor, ou qualquer outra coisa, foi porque precisava dar um sentido a algumas histórias. Então a dança ficou num lugar muito especial e importante para mim. Por causa dela fui parar no carnaval, coreografando comissão de frente da Tom Maior no Grupo Especial de São Paulo por seis anos, e recentemente no musical “Cartola – O Mundo É Um Moinho”, que está em cartaz.
O artista se dedica à dança desde a adolescência e estudou diversos tipos de expressão corporal em ritmos variados.
– Aos 14 anos ganhei bolsa de estudos numa escola de dança da minha cidade, e ainda com o teatro amador, me dedicava umas 5 horas por dia às aulas de dança. Foi fundamental para eu me tornar o que sou hoje. A dança agregou valores a minha vida e quanto mais aprendia, mais viciado ficava. Fui das danças clássicas às populares, mergulhando nas danças de salão, ao lado do Carlinhos de Jesus. Mas sempre soube que atuar era o que queria de fato fazer, e nunca foi diferente.
Alex se profissionalizou em Artes Cênicas pelo INDAC, em São Paulo. Então fundou com amigos, entre eles Oscar Filho, o grupo de humor OsCretinos, no qual ficou 7 anos em cartaz.
– Fui ator do Núcleo Experimental do Teatro Popular do Sesi, participei de inúmeras montagens, de musicais, até conhecer Heloisa Perissé e rodar o Brasil fazendo “Advocacia Segundo os Irmãos Marx” com ela, depois disso veio minha primeira novela, Cama de Gato.
Foto: Guilherme Logullo /Divulgação