Como reduzir custos de quem trabalha dirigindo

Planejamento financeiro e mudanças de hábitos ao volante podem fazer diferença no orçamento de motoristas profissionais

Foto: Freepik

Três em cada quatro motoristas de aplicativos trabalham mais de oito horas por dia em São Paulo. O dado é da pesquisa “Mãos ao Volante”, realizada pelo Instituto Badra com 1.260 profissionais. A renda média apurada é de R$ 3,8 mil mensais, valor que já exclui despesas com combustível, aluguel de carro e comissões pagas aos aplicativos. Sem uma gestão adequada desses gastos, no entanto, os profissionais podem comprometer esse valor.

A falta de planejamento financeiro atinge 39% dos proprietários de veículos no país, que não contam com reserva para emergências. Despesas como consertos mecânicos, troca de pneus e multas comprometem o orçamento quando aparecem. Entre os motoristas, 21% entraram em 2025 sem se organizar para quitar o IPVA, de acordo com o levantamento.

“Os custos que mais pesam, geralmente, são combustível, manutenção e seguro”, afirma o empresário e diretor de vendas da Kovi, Osmar Queiroz Melo. “Também há os custos com alimentação e eventuais multas que, somados, impactam bastante o ganho líquido do motorista.”

Despesas ‘invisíveis’ podem reduzir lucro pela metade

Um carro de aplicativo em São Paulo gera uma receita mensal que pode chegar a R$ 6.428,57, segundo dados do app StopClub, mas os gastos somam R$ 3.926,96, incluindo combustível, IPVA e manutenção. O lucro efetivo ficaria em R$ 2.501,61 para jornadas de 60 horas semanais. Quase 85% dos motoristas que atingem essa receita têm carro próprio.

A alimentação é um custo que muitos negligenciam na hora de fazer as contas. Por isso, a recomendação para conhecer todos os gastos é registrar as despesas diárias pelo período de 30 dias, conforme explica a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).

No caso dos motoristas profissionais, isso inclui guardar recibos de combustível e alimentação para, ao final desse período, somá-los. Isso permite comparar o custo real com o faturamento bruto. Sair com o tanque cheio e abastecê-lo ao final do dia, antes de ir para casa, evita misturar custos de trabalho com gastos pessoais.

Para quem utiliza carro próprio, a depreciação se acumula com a substituição de peças e o desgaste natural. O aluguel pode ser mais econômico nesses casos, convertendo uma despesa variável em custo fixo de R$ 2 mil a R$ 3 mil mensais em São Paulo.

Prevenção sai três vezes mais barata que consertos emergenciais

Os cálculos do mercado de gestão de frotas apontam que a manutenção preventiva custa, em média, três vezes menos do que os reparos corretivos. Consertos emergenciais saem mais caros porque o nível de desgaste das peças fica acentuado. Em alguns casos, o mecânico precisa trocar o sistema inteiro do veículo. Como resultado, o carro fica dias parado na oficina, e o motorista perde tempo e dinheiro.

Verificações regulares de óleo, freios, calibragem de pneus, alinhamento e balanceamento prolongam a vida útil do automóvel e evitam falhas. Pneus descalibrados aumentam a resistência de rolamento e causam desgaste prematuro. O uso de peças de reposição de alta qualidade contribui para economia no longo prazo porque evita substituições frequentes.

Hábitos ao volante alteram até 33% da eficiência do combustível

Pesquisa da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos identificou que os hábitos de direção podem afetar em até 33% a eficiência no consumo de combustível. Acelerações e frenagens bruscas geram desgaste precoce dos pneus e elevam o gasto com combustível. Manter velocidade constante, usar a marcha adequada e antecipar manobras reduzindo a velocidade suavemente ao se aproximar de curvas ou cruzamentos são práticas que diminuem o consumo.

Melo reforça que pequenos ajustes fazem diferença. “Manter os pneus calibrados, evitar acelerações bruscas e seguir o plano de manutenção do veículo ajudam a reduzir o consumo de combustível e evitar reparos caros. Planejar rotas com aplicativos e dirigir em horários estratégicos também aumenta a eficiência.”

Remover cargas desnecessárias do veículo também contribui, já que peso extra significa maior esforço mecânico. Mapear a ociosidade (tempo parado com o motor ligado) e desligar o veículo quando não estiver em uso também minimizam o consumo e o desgaste desnecessários.

Locação elimina IPVA e seguro do orçamento mensal

Melo destaca que optar pelo aluguel de carro pode ser uma forma inteligente de economizar. “O motorista evita custos com IPVA, seguro e depreciação, mantendo o foco apenas no trabalho.” 

Ferramentas digitais auxiliam no controle financeiro, funcionando como calculadoras de gastos e ganhos, permitindo que o motorista insira informações sobre faturamento semanal, horas trabalhadas e custos com manutenção. O resultado mostra o custo por quilômetro e o ganho por hora, oferecendo critério na escolha das corridas.

A versão paga de alguns aplicativos lê a tela dos apps de transporte e mostra uma sinalização semelhante a um semáforo: verde para corridas vantajosas, amarelo para valores próximos ao usual e vermelho para valores abaixo do esperado. O cálculo considera o tempo para chegar até o passageiro e o destino.

A pesquisa da Serasa e Zapay revelou que 57% dos brasileiros ainda consideram que ter carro próprio vale a pena, e 63% utilizam o veículo diariamente. Para profissionais que dependem do automóvel, o equilíbrio entre receita e despesas depende do controle rigoroso dos custos e da adoção de práticas que transformem despesas variáveis em gastos previsíveis e minimizados.

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