Por definição, “ultra som” é o nome dado a todas as ondas sonoras cujas frequências ultrapassam 20 mil Hertz, limite superior à capacidade da audição humana. Já “ultrassom”, o exame de imagens, é sobretudo feito em mulheres grávidas. E foi pensando nas altas batidas do Rap e do Funk, influências do Costa Gold, e no nascimento de um novo gênero musical, que Nog e Predella lançam “R&F: UltraSom”, o novo álbum do grupo que chega em todas as plataformas digitais nesta quarta-feira com visualizers no canal deles do Youtube, via Som Livre.
Com mais de dez anos de carreira no rap, o Costa Gold traz influências do funk, faz questão de estar em sintonia com o movimento e assume um papel de pioneirismo na união dos gêneros. Em 2017, por exemplo, lançaram “Sensual Girl” com MC Davi, o primeiro hit rap-funk no país, e posteriormente participaram de “Vergonha Pra Mídia”, marco dessa conexão com mais de 250 milhões de streams.
Agora, com “R&F: UltraSom”, o Costa Gold ajuda a consolidar o surgimento de um novo gênero, a música urbana, aquela que confunde os limites entre os dois ritmos e que vem ganhando cada vez mais espaço. Não à toa todas as participações são de grandes cantores do segmento: MC Don Juan, MC Davi, MC Hariel, MC Ryan SP, MC Kevin, MC IG, MC Pedrinho, MC Neguinho do Kaxeta, MC Joãozinho VT, MC Kadu, MC Guime, Salvador da Rima e MC Drika.
Em dez faixas, Predella e Nog passeiam por diversos temas, mas procuram manter uma unidade entre elas ao fazer o que sabem de melhor: contar histórias com as quais as pessoas se relacionam. Em “Descongelou”, por exemplo, fala de uma paixão arrebatadora que brinca com os sentidos: “Logo eu que sou jogador do coração frio / Me vi numa relação quente igual fogo e pavio, bebê / Olha só, quando cê sorriu acabou com esse meu lado que era sombrio / Ela pegou meu coração e balançou junto com drink / Sumiu com a minha postura igual sumiu com bic / Me inspirou igual a primeira vez que eu ouvi um beat”.
Já em “QBrada”, parceria com MC Guimê, Predella precisa de poucas linhas para questionar as críticas que fazem às periferias e versa sobre a realidade de milhões de brasileiros em forma de homenagem: “Tá em cima da hora, falou? Eu to saindo / New Era na cabeça, alô, escutando Arlindo / E criançada já chorou, mas hoje tá sorrindo / E quantos Neymar que a gente conhece que tá lá escondido? / Bandido tem em qualquer lugar, é fato / E os maior ladrão do mundo tá lá no Planalto / E os bigode vai no certo pra firmar o extrato / E sempre que eu tô na quebrada é várias mão pro alto”.
Predella comenta sobre o lançamento: “A inspiração do disco vem da motivação da gente querer trazer toda importância que a voz dos que não tem voz representa. O rap e o funk são músicas periféricas que vêm do mesmo colo maternal e que hoje estão dominando as paradas. É muito importante pra gente conseguir fazer um álbum que expresse o quão interessante e grandioso é essa mescla de batidas, produção e letras.”
E Nog complementa: “Foi inevitável pra gente fazer esse álbum. Sempre houve admiração mútua entre nós e os cantores de funk. “Sensual Girl”, um dos primeiros trap-funks a tocarem bastante, provou isso, assim como “Vergonha Pra Mídia”. “R&P UltraSom” nada mais é que uma afirmação desse movimento que a gente sempre pregou.”