Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 | Crítica

Na noite de terça-feira, os cinemas brasileiros foram invadidos por um dos filmes mais aguardados do ano. Assim como grande parte das franquias, a adaptação de “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” causou histeria e foi recebida por uma multidão de adolescentes, que se aglomerava em uma das três filas do UCI Kinoplex, no Independência Shopping, em Juiz de Fora. Mesmo sem meu “uniforme” preto com uma imagem do Tordo, não recusei o convite para participar da pré-estreia desta grande produção.
Não foi preciso caminhar muito para saber que, mesmo minutos antes de chegar à grande tela, o filme ainda causava polêmica: enquanto uma porção de fãs enfatizava que “A Esperança” é o melhor livro da saga, parte do público se preocupava com a adaptação do “pior” volume escrito por Suzanne Collins. Todos os argumentos eram meticulosamente observados por quem aguardava o momento certo de emitir a sua opinião.
A adaptação de uma obra sempre causa polêmica entre os fãs. Mas, apesar das mudanças, “A Esperança” consegue se manter fiel ao livro. O filme começa no Distrito 13, onde Katniss, visivelmente abalada, se recupera dos estragos causados pelo Massacre Quaternário. Sua principal fixação é descobrir o que aconteceu com Peeta – e, consequentemente, Johana e Annie. É neste momento que somos apresentados à Alma Coin. A nova personagem, interpretada por Julianne Moore, é bem menos ríspida na película. Ao lado de Plutarch, seu desejo é transformar Katniss num símbolo de revolução, reunindo alguns distritos contra a Capital.
Desde o início, a fotografia acompanha a aflição de Everdeen e o seu sentimento de revolta, apresentando tons cinzentos, sombrios e angustiantes. Quando finalmente aceita ser o Tordo, se transforma em protagonista da guerra contra o presidente Snow, participando de diversas campanhas recrutarias. Enquanto faz de tudo para que mais pessoas participem da revolução, Peeta começa a ceder uma série de entrevistas à TV da Capital, causando revolta naqueles que o assistem, ganhando o título de traidor. 
Como eu disse ali em cima, o longa é uma adaptação. Neste caso, existe uma explicação plausível quando falamos sobre algumas diferenças entre livro x filme. Posso citar como exemplo a explosão da represa, que é apenas mencionada na versão impressa, mas que ganha destaque e efeitos especiais na tela grande. Outro ponto positivo em “A Esperança” está nas cenas do presidente Snow, que conseguem captar de perto os seus sentimentos. Uma vez em que a narrativa do livro é desenvolvida por Katniss, seria impossível “presenciar” cenas como a do corte de cabelo e a da revolta diante à mobilização do Distrito 13. 
Outros coadjuvantes que merecem ser citados são Gale e Effie. Enquanto o primeiro se torna praticamente protagonista e faz com que Katniss reavalie questões do coração, a segunda dá leveza ao clima denso e militarizado vivido pelos habitantes do Distrito – a não extravagância de seu vestuário é compensada com um repertório cheio de falas engraçadas. Com poucas aparições, Haymitch mostra que é fundamental, tanto à trama, quanto à vida de Everdeen.
Levando em conta a falta de ação, mas colocando em pauta o desenvolvimento da narrativa, sinto que a escolha de fazer uma “dobradinha” foi essencial. Pode ser que você ache duro ter que esperar quase um ano para conferir o desfecho da história, mas não há como negar que, com isso, a chance de se decepcionar com a produção é menor. Mais cenas serão apresentadas e o aprofundamento de cada uma delas será mais rico. Além disso, retornar ao cinema daqui a algum tempo para se despedir de personagens tão especiais vai ser “menos difícil”, não acha? Afinal, já começamos agora!
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