A atriz Veggari, hoje aos 29 anos, passou por um dos períodos mais difíceis da sua vida quando enfrentou a bulimia e a anorexia na adolescência. No entanto, foi por meio da arte e, especialmente, do cinema, que ela encontrou o caminho da recuperação. Ao interpretar Camila no filme Abzurdah (2015), baseado no livro de Cielo Latini, Veggari revisitou sua própria luta, transformando sua dor em um processo de cura. “Foi um reencontro com minha dor, mas também uma forma de cura. O cinema me ajudou a encontrar a força que eu pensei que não tinha”, revela.
Quando Veggari recebeu o convite para interpretar Camila, uma das personagens principais no filme Abzurdah, ela não sabia o quanto essa jornada impactaria sua própria vida. A personagem, que vive um conflito intenso com seu corpo e sua imagem, passa por uma experiência similar à de Veggari durante sua adolescência, quando lutava contra os transtornos alimentares.
Para Veggari, o papel não foi apenas uma atuação. “A personagem estava tão conectada com o que eu vivi. Eu passei por tudo aquilo — as inseguranças, as pressões externas, a busca pelo corpo perfeito… e foi como se o filme me ajudasse a colocar tudo isso em palavras e imagens”, afirma.
Durante as filmagens, realizadas em Buenos Aires, Veggari foi confrontada com os próprios demônios do passado. Porém, ao mesmo tempo, encontrou uma oportunidade de se curar. “Cada cena foi uma espécie de terapia. Foi muito difícil, mas também essencial. Eu estava revisitando um capítulo doloroso da minha vida, mas ao mesmo tempo, estava me dando a chance de entender e, até certo ponto, curar essas feridas”, explica.
Antes de Abzurdah, Veggari já havia conquistado o público em papéis importantes. Em 2013, foi a Nicole na novela Chiquititas (SBT), um papel que a tornou bastante conhecida. Com uma carreira que a levou por diferentes formatos e linguagens, a atriz também esteve em filmes como Berenice Procura (2017) e Doce Encanto (2021). Mas foi em Abzurdah que ela realmente teve um encontro profundo com sua própria história. “Eu nunca imaginei que esse papel me afetaria tanto. Foi mais do que atuar, foi uma terapia emocional. Eu percebi que, por meio da arte, podia finalmente lidar com algo que eu tinha guardado por muito tempo”, afirma.
Hoje, aos 29 anos, Veggari utiliza sua experiência para conscientizar sobre os perigos dos transtornos alimentares e dar apoio a quem enfrenta situações semelhantes. Ela lembra com clareza o momento em que decidiu buscar ajuda, um ponto crucial de sua recuperação. “Quando finalmente pedi ajuda, entendi que não precisava passar por tudo sozinha. E o cinema, de alguma forma, me ajudou a ressignificar essa dor”, afirma.
Veggari é marcada não só pelo talento e pela superação, mas também pela coragem de compartilhar sua história para ajudar outras pessoas. O cinema foi, para ela, uma ferramenta poderosa de cura, e a atriz continua usando sua visibilidade para combater os estigmas que cercam transtornos alimentares. “Eu lutei para viver. E, se minha história puder ajudar alguém a encontrar o caminho para a cura, já terá valido a pena”, finaliza Veggari, com a certeza de que a arte não só transformou sua carreira, mas também sua vida.
