A conversa em torno da saúde mental tem sido uma prioridade nos últimos anos, no entanto, para a maioria das pessoas LGBTQIAPN+ esses sentimentos não são novidade.
Por gerações, os jovens queer foram submetidos a bullying e discriminação, seja nas escolas, universidades ou no local de trabalho, alienação da família e amigos e até mesmo, como às vezes parece, da sociedade em geral. Isso tudo pode ser prejudicial para a saúde mental resultando em ansiedade, depressão, entre outros.
No decorrer desta matéria, iremos abordar a vivência da atriz, empresária e influenciadora Vitória Guarizo e sua experiência em saúde mental e como aprendeu a lidar com traumas.
“Crescer no Brasil como transgênero era considerado uma doença mental por lei. Quando eu tinha 13 ou 14 anos, comecei a sentir que a sociedade estava me fazendo sentir mal sobre minha identidade e sexualidade. Senti que não estava me encaixando no padrão estabelecido, pois as pessoas tentavam me dizer o que era certo e errado. No entanto, comecei a prestar atenção apenas em mim e a ouvir minhas próprias necessidades. Levei muito tempo para continuar lutando por quem eu sou” disse Vitória.
Apesar de trabalhar muito sua saúde mental, a atriz ainda tenta superar alguns traumas do passado quando ressurgem. “As pessoas não percebem o quão fortes temos que ser todos os dias. Tenho enfrentado adversidades em todos os aspectos da minha vida: encontrar um emprego, cuidados de saúde e os meus direitos humanos… É uma luta pela sua vida e em alguns dias você se cansa, não quer mais lutar, mas quando isso acontecer, tenho que me lembrar ativamente de como sou forte e poderosa” destacou.
Ser transexual no Brasil é uma luta diária, e deveria ser um país com mais compaixão pelo outro, e algumas coisas deveriam ser feitas em prol da comunidade. “Normalizar a conversa sobre saúde mental, traumas e ideação suicida é vital. É crucial que serviços de saúde mental sejam inclusivos, pois o estresse pós-traumático muitas vezes é inevitável para pessoas marginalizadas. Neste momento, é fundamental para os aliados oferecerem espaço aos necessitados” falou.
Apesar de ter um apoio de sua família, Vitória ainda precisa ter uma rotina de autocuidado para com sua saúde mental, afinal, ainda existe uma sociedade muito preconceituosa pelo mundo afora. “Encontro pequenas peças positivas no meu dia-a-dia e foco nelas. É importante amar, se aceitar e reconhecer o seu valor. Quando refletimos sobre nós mesmos no espelho, geralmente encontramos coisas de que não gostamos em nossas características físicas, mas ser capaz de se afastar e transformar a conversa consigo mesmo é uma ferramenta poderosa. É uma questão de ver esses recursos como seu valor único neste mundo” explicou a atriz.
Por fim, a atriz compartilha seu conselho para os jovens da comunidade LGBTQIAPN+ que estão lutando em prol de si. “Às vezes é difícil encontrar esperança em certas situações, mas agarrar-se a esse sentimento de esperança, mesmo nos momentos em que você não acredita em si mesmo, é fundamental. Tratar a si mesmo com compaixão e amor é o que nos transforma. Precisamos reconhecer que nossa saúde mental está ligada à nossa saúde física, portanto, as questões de saúde mental devem ser tratadas com a mesma importância, respeito e validade que as questões físicas” finalizou.















