É claro que você já deve ter ouvido falar em Mamonas Assassinas. Uma banda de grande sucesso nos anos 90 e que até hoje mora no coração dos fãs espalhados pelo Brasil afora. O ano de 2015 é muito marcante para as pessoas que realmente acompanham o grupo de cinco músicos extrovertidos de Guarulhos, na grande São Paulo, pois no dia 23 de junho completa-se 20 anos do primeiro disco lançado pelos jovens que formavam o Mamonas Assassinas.
Início da carreira
Em 1989, Sérgio Reoli conheceu Maurício Hinoto, irmão do japa Bento. Ambos foram apresentados com o intuito de juntar o desejo de ambos, que era a vontade de ter uma banda musical. Sérgio tocava bateria, enquanto Bento manjava nos solos de guitarra. A partir disso, os dois decidem criar uma banda. Na época, Samuel Reoli, irmão de Sérgio, não se interessava por músicas, por achar uma ‘furada’ viver de ser músico e preferia desenhar aviões. Mas sua decisão estava prestes a mudar.
Em um ensaio na casa dos Reoli, Samuel acabou se interessando pela música e passou a tocar baixo elétrico. Com o novo integrante na banda, a famosa ‘cozinha’ estava pronta, com baixo, guitarra e bateria. Aí, se formava a banda Utopia. Mas, ainda faltava um vocal.
O grupo tocava “covers” de grandes nomes da música como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Rush, entre outras. Em uma de suas apresentações, em julho de 1990, o público pediu para tocarem uma música dos Guns N’ Roses, mas sem saberem a letra, eles pediram ajuda para um espectador. Com seu jeito brincalhão e extrovertido, Alecsander Alves, conhecido como Dinho, se propôs a cantar. Durante a canção, o futuro vocalista do Mamonas Assassinas provocou grandes risadas do público presente e, com sua performance, o jovem garantiu uma vaga na banda. Ainda, após a entrada de Dinho, outro integrante ganhou a oportunidade de fazer música. Com seu jeito descolado, Júlio Rasec era o novo tecladista do grupo.
A banda Utopia se apresentava na periferia de São Paulo e lançou o disco “A Fórmula do Fenômeno”, que vendeu menos de cem cópias. Os integrantes começaram a perceber que a palhaçada e músicas de paródias, que eram constantemente presentes nos ensaios, eram bem mais legais e o público, além de gostar, se divertia. Começava, neste momento, o início de um novo ciclo na vida da banda.
Através de um show em Guarulhos, eles conheceram um dos maiores produtores brasileiros. Rick Bonadio, que era empresário do Charlie Brown Jr., banda de Santos que conquistou o Brasil. Uma nova conquista estava próxima. Com o produtor, o Utopia gravou apenas duas músicas, mas capazes de mostrar qualidade em seus trabalhos. “Pelados em Santos” e “Robocop Gay” foram essenciais para os cinco jovens de Guarulhos pensarem em mudar o estilo da banda. Desde então, outros nomes começaram a surgir. De “Um Rapá da Zé”, até “Coraçõezinhos Apertados” e, ainda, passando por “Tangas Vermelhas”, não conseguiram superar “Mamonas Assassinas do Espaço”, que um pouco depois foi reduzido para ‘Mamonas Assassinas’.
O Recomeço
Com o novo nome e estilo diferente, novas músicas acabaram surgiram. A banda enviou uma demo com as singles ‘Pelados em Santos’, ‘Robocop Gay’ e ‘Jumento Celestino’, para três gravadoras, entre elas Sony Music e EMI. No entanto, o grupo seguia com apresentações, mas muitos lugares o rejeitavam. No dia 28 de abril de 1995, após assistir um show do Mamonas Assassinas, o diretor artístico da EMI, João Augusto Soares, resolveu assinar contrato com a banda.
Porém, houve uma reviravolta antes de gravar o disco. A gravadora queria pelo menos 10 músicas para o CD, mas tinham apenas duas e eles mentiram ao dizer que tinham 7 singles e que em uma semana gravariam as demais músicas. Os cinco integrantes tiveram exatamente uma semana para gravar 12 músicas. Antes do disco ir para as lojas, em maio de 1995, a EMI mandou a banda Mamonas Assassinas para Los Angeles para gravar o seu único disco. No total, seriam 15 faixas, mas uma delas acabou sendo cortada. A música ‘Não Peide Aqui Baby’, paródia da música ‘Twist and Shout’ dos Beatles, foi censurada devido a quantidade de palavrões.
Poucos dias depois, após gravar o disco produzido por Rick Bonadio, que foi apelidado pela banda de Creuzebek, lançado em 23 de junho de 1995, os hits acabaram passando despercebido nas lojas. Ninguém deu bola e não havia interesse da maioria das rádios pelas músicas da banda. Mas isso iria mudar no dia seguinte. Em 24 de junho de 1995, a 89 FM Rádio Rock, tocou a música Vira-Vira e os Mamonas Assassinas estouraram de vez. Foi o disco de estréia que mais vendeu no Brasil e também o que mais vendeu cópias em um único dia: 25 mil cópias nas primeiras 12 horas após a canção ter sido executada.
Após o disco, o Sucesso
Com isso, a banda começou a aparecer nas mídias e os shows passaram a contar com grandes públicos. Casas de shows que não permitiram apresentações deles, começaram a ir atrás para que eles tocassem lá. Nascia uma das maiores bandas do Brasil. O sucesso foi rápido. Depois do disco, veio grandes apresentações, no Brasil e no mundo.
Em 1992, ainda com o nome de Utopia, os meninos tentaram tocar no Estádio Paschoal Thomeo, mais conhecido como Thomeozão, em Guarulhos. Sem conversas, eles foram expulsos pelo dirigente do estádio e, ainda, ouviram que a banda nunca iria fazer sucesso devido ao seu nome. Sem guardar mágoas, em janeiro de 1996, desta vez como Mamonas, a banda lotou o estádio. Em vídeos feitos pelo público presente, o vocalista do grupo, Dinho sentou no palco e começou a fazer desabafos, dizendo que nunca se deve deixar de acreditar, pois era o sonho dos Mamonas Assassinas tocar ali, no qual tiveram a porta fechada na cara uma vez, mas não desistiram e naquele dia lotaram a ‘casa’.
A banda caiu no gosto da galera. Quando participavam de programas de televisão a audiência triplicava e deixava qualquer emissora na liderança da audiência. Devido ao grande sucesso, existia briga entre as emissoras para ter os Mamonas nos seus programas. A Rede Globo de Televisão tentou contratá-los por 3 anos com exclusividade, mas devido aos inúmeros shows que faziam, não rolou. A banda foi apelidada de Rolo Compressor, porque outras bandas e artistas não queriam tocar na mesma cidade que eles, pois tinham medo de todos quererem assistir apenas os Mamonas Assassinas.
O logotipo da banda era uma inversão da logomarca da Volkswagen, colocada de cabeça para baixo, formando assim um M e um A de “Mamonas Assassinas”. Dois veículos da empresa alemã são citados nas canções: em “Pelados em Santos”, a Volkswagen Brasília, e em “Lá vem o Alemão”, a Volkswagen Kombi. Os Mamonas preparavam uma carreira internacional, com partida para Portugal marcada para 3 de março de 1996.
Sonhos Interrompidos
Quando voltavam de um show em Brasília, o jatinho que estava ocupado pelos integrantes da banda mais piloto e copiloto, chocou-se contra a Serra da Cantareira, matando todos os ocupantes. No dia seguinte do acidente, era comoção no Brasil inteiro, ninguém conseguia acreditar que era verdade. Multidões saíram às ruas chorando, todos chocados com a notícia. Os familiares dos integrantes do Mamonas ficaram inconformados com a tragédia. Mas, infelizmente, a banda Mamonas Assassinas ‘acabava’ ali.
Em 04 de março de 1996, o cemitério Parque das Primaveras, em Guarulhos, estava lotado. Eram mais de 65 mil fãs para acompanhar o enterro dos cinco meninos com o sonho de viver de música. Em algumas escolas não houve aula por motivo de luto. E, também, as emissoras de televisão interromperam suas programações normais para transmitir o enterro. Para os fãs, o Mamonas não acabava ali. Era apenas o início de grandes mitos que, em pouco tempo, ganharam milhares de fãs no Brasil e no mundo, algo que raramente pôde ser visto na história da música.
Fotos: Onda Filosofal; Blog Achei pra Vc.
Guilherme Galdino